segunda-feira, 27 de abril de 2009

Viagens

Editorial do Jornal CORREIO DO POVO de hoje, 27 de abril de 2009 (pág. 4):

O escândalo do repasse de passagens dos gabinetes dos deputados federais para agências do setor de turismo, incluindo muitos gaúchos, é algo que não pode ficar sem a devida apuração. Certamente, pelo amplo espectro partidário dos parlamentares envolvidos, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) não deverá ser instalada e, se o for, não deverá ser tão aguerrida a ponto de realmente elucidar os fatos. Diante desse quadro que indica que os parlamentares tendem ao corporativismo, protegendo-se uns aos outros e a eles mesmos, resta a esperança de que as autoridades responsáveis, incluindo nesse rol os representantes do Ministério Público, possam agir de forma efetiva para apurar todos os meandros do ocorrido. A identificação das condutas ilícitas e dos seus autores é uma medida necessária para que se possa cumprir com a legislação vigente na defesa do Erário.Muitos parlamentares, de forma célere, já estão apontando seus assessores como os responsáveis pelas negociatas. Pelo jeito, a culpa novamente deverá ser colocada no mordomo. Contudo, é preciso que a investigação determine qual realmente é o grau de comprometimento de cada um. Uma coisa é o servidor agir de forma ilícita para se locupletar. Neste caso ele deverá responder e é possível que o parlamentar acabe inocentado de eventuais crimes contra o patrimônio público.Contudo, ainda que o principal responsável pelos desvios de recursos públicos seja um determinado assessor, isso não deverá isentar o deputado. Afinal, ele detém um mandato público e deveria saber tudo o que ocorre no seu gabinete. Enfim, ou ele sabe de tudo ou é um inepto para exercer um cargo tão elevado. Ou ele é um deputado aéreo por abusar das viagens aéreas, como muitos fizeram, inclusive fornecendo passagens para terceiros, ou é um deputado aéreo por viver nas nuvens e não perceber fatos graves diante do seu nariz. Num e noutro caso, ele deveria renunciar ao mandato.Muitos deputados federais e senadores veem uma campanha contra o Congresso orquestrada pela mídia. Esquecem-se de que os fatos vergonhosos são fornecidos por eles mesmos, que elevam os interesses privados e colocam o interesse público ao rés do chão.

Lucidez e concisão.
(os grifos são meus)

E o povo pagando as tais passagens...

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